Quer ajudar o seu filho a escolher o seu futuro?

“Quando a Alexandra me viu, reparei que ela hesitou em cumprimentar-me. Vinha a andar pela rua, viu-me, acenei-lhe, ela parou um bocadinho, depois retomou o passo, depois parou outra vez. Fiquei de sobreaviso: algo se estava a passar, pois ela é sempre espontânea… Convém esclarecer que a Alexandra tem 17 anos e anda no 12º ano. Quer ir para Veterinária e é filha de amigos meus.

Sabia o que estava a causar aquela ansiedade. Sabia porque os pais dela já me tinham dito: «Não sei o que aconteceu à Alexandra este ano. Foi-se abaixo nas notas e assim não vai conseguir entrar para Veterinária. Acho que ela está a entrar em parafuso com o estudo e as matérias. Já declarámos este ano como um ano perdido. Paciência, é o destino.» Decidi falar com ela.

– Alexandra, já sei que andas aflita com os exames…

– É. Acho que não vou conseguir. Não faz mal. Para o ano há mais!

Fiquei triste com um sistema educativo que obriga excelentes alunas como ela, do ponto de vista académico e humano, a aceitar a priori que não vai seguir a carreira e a vida profissional que deseja, o que lhe dá cabo da autoestima. Mas decidi remar contra a maré de desânimo que se estava a instalar naquela adolescente:

– Não Alexandra. Tu vais conseguir. Pelo menos não digas que não consegues antes de tentar. E vais tentar com todos os teus trunfos! Só depois dos exames e de saírem as notas e as listas. E se não conseguires não há-de ser por não te teres esforçado e, pelo menos, ficas com a satisfação de teres feito o que estava ao teu alcance.”

texto adaptado de Mário Cordeiro em “O Grande Livro do Adolescente”

Há adolescentes, com 14 anos, que sabem perfeitamente “o que querem ser quando forem grandes” e escolhem com naturalidade qual a área de ensino secundário ou profissional. Mas também há aqueles adolescentes que, com 17 anos, prestes a terminar o 12º ano, ainda se perguntam qual é o caminho que querem seguir, se preferem começar já a trabalhar ou se querem prosseguir estudos para o ensino superior e qual a profissão que desejam.

Quando falamos em Orientação Escolar e Profissional, esta surge precisamente neste contexto, para ajudar a clarificar as situações de indecisão quanto ao caminho a seguir. O objetivo é compreender todo o percurso escolar do adolescente até então e, a partir daí, verificar quais as maiores competências e interesses, podendo definir-se um perfil vocacional.

No entanto, os pais têm igualmente um efeito preponderante na altura em que os seus filhos têm de decidir qual a profissão a seguir. Vejamos algumas dicas para ajudar o seu filho a escolher uma profissão.

  1. Resista à vontade de dizer ao seu filho que deve escolher a profissão x ou y, apenas porque é algo que lhe interessa.

O seu filho não é uma extensão sua, ele é uma pessoa única. Lembre-se que a profissão dos seus sonhos pode não ser a profissão que ele gostaria.

  1. Ajude o seu filho a encontrar os seus pontos fortes.

Ter uma noção dos seus pontos fortes permitirá ao seu filho maximizá-los e estar mais atento a descobrir as profissões nas quais são imprescindíveis essas capacidades.

  1. Possibilite ao seu filho estar em contacto com várias profissões.

Se der ao seu filho a oportunidade de experimentar novas atividades, vai ser mais fácil ele perceber o que desperta o seu interesse. Poderá ser natureza, artes, animais, viagens, ciência, o contacto com pessoas… A exploração dos interesses é uma chave-mestra.

  1. Seja paciente, encorajador e dê o exemplo.

Incentive o seu filho a conhecer-se melhor e a explorar todo o mundo à sua volta. Diga-lhe que não haverá problema se, entretanto, decidir mudar o rumo. Lembre-se ainda que o seu filho observa o seu comportamento, por isso se ele o vir trabalhar com paixão, ele irá sentir-se mais seguro de que também conseguirá encontrar uma profissão que o faça sentir realizado.

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