Elogio ou Reconhecimento?!

Um dos temas mais debatidos na parentalidade é se os pais devem ou não elogiar a criança regularmente. Mais do que se deve ou não fazer, é reflectir sobre este assunto partindo do pressuposto que o papel dos cuidadores resume-se a criar uma boa relação com os filhos, através da presença, comunicação, transmissão de valores e conexão diária. Numa relação de reciprocidade respeitar o valor (ser) do outro é essencial e neste âmbito o elogio pode ser interpretado pela criança como uma mera referência apenas ao seu comportamento e não aos aspectos subjacentes do mesmo, ou seja, à intenção, à emoção e à necessidade que a levou a comportar-se daquele modo. Se avaliarmos apenas o comportamento da criança como um resultado estamos a julgar a criança através de atributos como o ‘certo e o errado’, ‘portar-se bem ou portar-se mal’ e isso pode gerar na criança o sentimento de que se ela errar não será amada. Neste sentido, o reconhecimento ao invés do elogio pode ser uma ferramenta mais assertiva no desenvolvimento emocional e saudável da criança/jovem.

Quando o pai/mãe reconhece o comportamento da criança tem por base o seu esforço, a sua intenção e o impacto que este comportamento tem na vida dela e de todos que a rodeiam. Também ajuda que a criança perceba que o comportamento é uma consequência dos seus esforços e motivações e que os seus fracassos são oportunidades para melhorar e não sinal de que é insuficiente. O reconhecimento é um feedback autentico e sem julgamento sobre o que a criança É e não apenas sobre o que ela faz ou tem.

Vejamos algumas diferenças entre o elogio e o reconhecimento:

Como podemos observar na imagem, o reconhecimento valoriza a criança na sua integridade o que promove a sua autoestima. Por sua vez, o elogio faz apreciações do comportamento e pode criar inseguranças na criança.  

Exemplos de como praticar o reconhecimento diariamente:
  • Reforce a autonomia e demonstre a importância que isso tem para si e para a família:

Em vez de dizer:Que lindo! Muito bem vestiste-te sozinho.’
Experimente: ‘Fico feliz por te vestires sozinho. Essa ajuda é muito importante para mim.’

  • Preste atenção aos detalhes e às emoções da criança:

Em vez de dizer: ‘Que desenho bonito!’
Experimente: ‘Notei que estavas calmo enquanto desenhavas o mar. Gostas do mar?’

  • Observe e dê feedback do progresso:

Em vez de dizer: ‘Hoje foste o melhor na aula de natação. Muito bem!’
Experimente: ‘Estive a observar-te enquanto nadavas e notei que te esforçaste muito. Deves estar orgulhoso de ti.’

Até breve,
Marisela Agra
Psicóloga Clínica

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