As desigualdades Sociais e o Covid-19 em Portugal

Neste momento, enfrentamos uma situação nova e inesperada. O mundo está a debater-se com uma pandemia que terá graves consequências económicas e sociais, o COVID-19.

Este vírus não pode ser visto como tendo consequências positivas, mas pode ser encarado como uma oportunidade para se tomar consciência que as catástrofes acontecem e que temos de estar preparados para situações adversas. 

As desigualdades sociais em Portugal

Temos um país onde as desigualdades sociais existem e são visíveis. Contudo, agora mais do que nunca, tornar-se-ão ainda mais. Residem em Portugal mais de 2 milhões de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social, sendo que 1.7 milhões encontram-se em risco de pobreza monetária.

Esta população encontra-se ainda mais vulnerável devido aos cortes no rendimento familiar, às situações de desemprego, às consequências de uma crise económica que poderá seguir à crise pandémica, assim como uma maior dificuldade de acesso a cuidados de saúde.

A precariedade laboral e os baixos salários são outros elementos que não nos podemos esquecer neste momento de mitigação da pandemia. Parte da retoma económica dos últimos anos foi baseada em baixos salários.

Fonte: Rede Europeia Anti-Pobreza

As repercussões das desigualdades na infância

Atualmente, temos muitas crianças e jovens que acordam pela manhã e não têm o que comer, que não têm acompanhamento escolar em casa porque os pais não têm formação; que são vítimas de bullying talvez pelas roupas e sapatos fora de moda que usam, que sofrem de depressão; que assistem ao desemprego dos pais e à perda de esperança em acreditar num futuro melhor. Todo este conjunto de situações traz consigo duas palavras: pobreza infantil.

Em 2018, em Portugal, existiam 18,5% de crianças nessa situação.

A pobreza continua a ter impactos na sociedade, mas mais no bem-estar destas crianças, pois vivem numa elevada instabilidade emocional e psicológica que acaba por afetar a sua saúde (mental e física).

Outro dos efeitos mais reconhecido da pobreza nas crianças é na educação, uma vez que esta representa o veículo mais importante de mobilidade social. Torna-se provável que as crianças pobres reprovem e até abandonem a escola.

Na maior parte das vezes estão mal preparadas para compreender a linguagem e respeitar as normas da escola. A iliteracia ou o baixo nível educativo dos pais, habitação inadequada, má nutrição e fome são elementos que levam ao insucesso escolar.

Esta situação não resulta apenas da incapacidade financeira dos pais em investirem nos filhos, existem outras caraterísticas, ao nível do agregado familiar, que estão na origem de algumas consequências negativas. Duas dessas caraterísticas são a monoparentalidade e as famílias numerosas.

Assim sendo, com uma atual quebra nos rendimentos face à situação atual, tudo dá a entender que esta é uma situação que se virá a agravar, e quem “pagará a fatura” poderão ser os mais vulneráveis e a classe média.

O que está nas nossas mãos?

O surgimento deste vírus irá de forma permanente alterar comportamentos, provocar mudanças na forma de encarar o futuro e de priorizar as necessidades de todos.

Pode ser o caminho para uma maior igualdade, solidariedade, partilha e corresponsabilidade, mas também pode ser o caminho inverso: o do egoísmo, individualismo e aproveitamento individual.

Vamos fazer de tudo para que seja o primeiro. Estamos todos no mesmo barco e o poder está nas nossas mãos. Vamos ajudar o próximo, vamos todos contribuir para uma sociedade mais inclusiva!

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