“Patrícia considerava-se bonita, inteligente, simpática e competente. Quando tinha de fazer um trabalho, enfrentava-o com entusiasmo, pois confiava nas suas capacidades. Graças à sua capacidade e responsabilidade, pedia-se-lhe com frequência que participasse em muitas atividades(…). Tudo isso lhe dava mais oportunidades de aprender, de ampliar as suas capacidades e de concluir as suas experiências com sucesso.”
(Quiles & Espada, 2004)
A autoestima é o grau de aceitação de quem somos, a nível físico, psicológico e intelectual. Como já refletimos anteriormente, a família pode ajudar a construir a autoestima das crianças, contribuindo assim, para um autoconceito mais positivo.
Contudo, ao passarmos da infância para a adolescência, a autoestima é, muitas vezes, um tema crítico. Tal como no caso descrito da Patrícia, há jovens que têm completa confiança em si, enquanto outros estão convencidos de que são irremediavelmente incapazes.
A autoestima influencia várias áreas da vida quotidiana, como a parte pessoal, social e académica ou profissional.
Uma baixa auto-estima pode estar relacionada com altos níveis de ansiedade, insegurança, pouco apetite, insónia, solidão, hipersensibilidade à crítica, passividade, competitividade, baixo rendimento escolar ou profissional.
Uma elevada auto-estima pode estar associada a um bom ajuste psicológico, estabilidade emocional, curiosidade, segurança, autoconfiança, cooperação, pensamento flexível, sentido de humor e bom desempenho escolar ou profissional.
A chamada fase da pré-adolescência (entre os 9 e os 14 anos) constitui-se como um período de transição entre a infância e a idade adulta, e é por definição uma fase de transformações. Desde as mudanças na imagem corporal, à instabilidade das emoções sentidas, são muitos os fatores que influenciam a autoestima.
Quais os fatores que mais influenciam a autoestima na adolescência?
- Puberdade – As mudanças na imagem corporal tendem a influenciar a autoestima dos jovens, mas não só. Como o desenvolvimento e a maturação têm um intervalo amplo em que podem acontecer, a comparação dos jovens aos seus pares pode ser um fator de peso no que toca à sua autoestima, se a maioria do seu grupo de amigos já está mais desenvolvido e outros ainda se sentem mais próximos da infância.
- Família – Os pais que tendem a criticar os filhos, quer pelas suas características físicas, quer pelas psicológicas, influenciam negativamente a sua autoestima. Por outro lado, um adolescente que vê os seus talentos serem elogiados, terá maior capacidade de julgamento sobre si próprio e, consequentemente, irá aperfeiçoar as suas áreas mais fracas.
- Escola – A escola é um dos locais onde as crianças e adolescentes passam a maioria do seu tempo. Mas também é um local onde podem ser vítimas de discriminação, preconceito racial, étnico ou religioso. O que está subjacente à violência escolar e ao bullying, é o exercício de poder do que se sente mais poderoso relativamente ao que considera mais fraco. Ser vítima de uma destas situações tem consequências para a saúde física, emocional e social.
- Amizades – Os amigos, na fase da adolescência, passam a ser um género de “modelos a seguir”, o que vai influenciar as suas escolhas. O sentimento de pertença a um determinado grupo irá afetar a forma como o jovem se sente consigo próprio. Além disso, os amigos são as pessoas que estarão presentes para se escutarem e ajudarem uns aos outros.
Na adolescência, o corpo e a mente mudam de uma forma muito rápida. Por um lado, os adolescentes começam a questionar-se a si próprios e a querer ser os únicos a tomar decisões. Por outro lado, necessitam constantemente de aprovação externa e estão dependentes de sinais dos amigos, familiares ou, até, pessoas em geral. As críticas dos outros podem, assim, penalizar a autoestima.
Ter uma boa autoestima e gostarmos de nós próprios é um fator protetor quando as coisas não correm exatamente da forma como esperávamos. A autoestima é uma característica que segura o jovem quando se sente desanimado, é o que o ajuda a ultrapassar obstáculos e a sentir-se bem consigo próprio.
Aprender a ter uma boa autoestima, ultrapassar a timidez, conviver com a tristeza, saber gerir a raiva e a ansiedade são algumas ferramentas chave para o desenvolvimento da autoestima na fase da adolescência.
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