Atualmente, a utilização de dispositivos eletrónicos é 4-5 vezes superior às recomendações, ou seja, as crianças passam demasiadas horas em frente a ecrãs. Na verdade, a tecnologia faz parte das nossas vidas e é também adotada pelos mais pequenos.
Vários estudos demonstram que as crianças expostas muito cedo às novas tecnologias têm maior probabilidade de desenvolver défice de atenção, problemas de comportamento e fracasso escolar.
Muitos pais sentem que necessitam de entreter os seus filhos todos os minutos do dia. Enquanto precisam de fazer outras coisas. Usam os dispositivos eletrónicos como babysitter. As crianças habituam-se a este modo de estar desde muito cedo. Um dos exemplos dessa utilização excessiva materializa-se quando muitos pais vêem na tecnologia a única forma de manterem os filhos sentados e sossegados, por exemplo, na hora das refeições. Esse tipo de comportamentos, habitua as crianças a um sentimento de recompensa e entretenimento fácil. Como consequência desse modo de estar, alimentam apenas aquilo que são as suas vontades, o que leva a que no futuro seja mais difícil gerir sentimentos de frustração.
Ao utilizar dispositivos eletrónicos, as crianças recebem muitos estímulos visualmente atrativos e têm muitas recompensas rápidas. Passam o dedo no ecrã e têm um prémio. Na vida real não é assim! As pessoas não são tão visualmente coloridas, não se movem tão depressa e não estão constantemente a reforçar positivamente a criança. Muita estimulação limita a curiosidade e criatividade. Uma criança que recebe muita informação satura-se e deixa de gostar de explorar e de aprender. Deixa de ser capaz de pensar por si própria e perde a capacidade de imaginar.
Há um número crescente de casos de crianças com dificuldades em realizar um gesto tão simples como pegar num lápis ou numa caneta. Isto deve-se a um uso excessivo de aparelhos tecnológicos, pois muitas delas não desenvolvem os músculos da mão.
Para crianças com idades entre 2 e 5 anos, o uso de dispositivos eletrónicos deve ser limitado a uma hora por dia e a programas de qualidade. Para crianças com 6 anos e acima disso, imponha limites conscientes, garantindo que o tempo passado em frente a ecrãs não influencia o sono e a atividade física.
Estes dispositivos são apenas ferramentas e é a forma de como os utilizamos que determina os efeitos positivos ou negativos. Deve existir bom senso e seguir a máxima de que tudo o que é em excesso faz mal. Sempre que possível, aproxime as brincadeiras e temas de interesse da criança no tablet e transporte para o contexto real. Considere em alternativa proporcionar experiências verdadeiras de brincadeira, ao ar livre e em interação com outras crianças.
Nicole da Palma| Terapeuta Ocupacional
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