O desenvolvimento infantil é um processo contínuo e dinâmico que envolve a construção, aquisição e interação de novas competências. Estas competências são consequência da remodelação cerebral, conhecida como neuroplasticidade.
A Neuroplasticidade refere-se ao potencial que uma estrutura ou função neurológica tem para mudar em resultado de uma experiência. Ou seja, é a capacidade do cerébro de se reprogramar através de determinados estímulos, tornando alguns neurónios mais ativos, outros menos, de acordo com as necessidades impostas pelo ambiente externo e pelas próprias operações mentais.
O ser humano nasce com cerca de 100 biliões de neurónios. Cada neurónio forma cerca de 15.000 sinapses (conexões entre os neurónios) durante os primeiros anos de vida e pelos 3 anos ocorrem cerca de 1.000 triliões de sinapses.
A primeira infância é uma fase que funciona como uma janela de oportunidades em que a criança está particularmente mais receptiva a experiências ambientais e a intervenções terapêuticas. O cérebro das crianças pequenas tem mais plasticidade, o que permite mudar mais facilmente. Isto torna as intervenções terapêuticas mais efetivas e mais rápidas.
Apesar de existir cada vez mais informação acerca do desenvolvimento infantil, há ainda pessoas que olham para os atrasos no desenvolvimento como algo quase natural, transitório, e que “depois passa” à medida que a criança cresce. No entanto, muitas das crianças que experienciam atrasos significativos em atingir as metas do desenvolvimento vão enfrentar à partida percursos mais difíceis nas suas vidas.
Por isso, se está preocupado com o desenvolvimento da sua criança, fale com o seu médico de família ou pediatra sobre um possível encaminhamento para uma equipa multidisciplinar. Para que esta equipa possa realizar uma avaliação integral e ajudar a sua criança. Uma intervenção precoce permite aproveitar a plasticidade cerebral da criança, de modo a desenvolver ou recuperar algumas das suas competências.
Muitas famílias sofrem durante anos com as dificuldades da sua criança, quando poderiam começar a ajudá-la assim que detetam os primeiros sintomas e desta forma, evitar o aparecimento de problemas secundários.
Lembre-se que quanto mais cedo se inicia a intervenção terapêutica, maiores são as probabilidades de sucesso!
Nicole da Palma| Terapeuta Ocupacional
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