O coronavírus (Covid-19) mudou a forma como os alunos estão a ser educados em todo o mundo, passando a ser feita uma “educação em casa” ou um “ensino à distância”. Se pensarmos a longo prazo, a educação pode sofrer transformações futuras (para melhor e para pior), principalmente em 3 níveis:
- 1. A educação pode sofrer inovações surpreendentes
Um dos problemas que sempre se colocou quando se fala do meio educativo é da falta de motivação por parte dos alunos. Muitas abordagens académicas baseiam-se em palestras e materiais de sala de aula que não cativam os alunos. Contudo, o Covid-19 está a tornar-se um estimulante para que as escolas em Portugal, e em todo o mundo, procurem soluções inovadoras num período relativamente curto.
Na China, os estudantes começaram a ter acesso a material didático através de transmissões de televisão ao vivo. Na Nigéria, as aulas estão a ser lecionadas online, através de videoconferências. No Líbano, os alunos estão a filmar as suas atividades físicas para enviar aos professores de modo a obter feedback sobre os seus desempenhos. Um pouco por todo o mundo a aprendizagem online e outras ferramentas digitais estão a ganhar terreno no campo da educação, e Portugal não é exceção, através das salas de aula virtuais.
Quais são, então, as consequências destas mudanças no futuro da nossa educação? A aprendizagem presencial tradicional em sala de aula será, certamente, complementada com novas modalidades de aprendizagem. A aprendizagem pode tornar-se num hábito mais integrado às rotinas diárias, mais valorizado. Vídeos educativos, plataformas digitais, jogos e exercícios interativos serão algumas das ferramentas que o mundo virtual trará para a educação tradicional e que serão aperfeiçoadas durante este período de Covid-19.
- 2. As parcerias educacionais público-privadas podem crescer
Governo, editoras, profissionais da educação e redes de telecomunicações têm-se unido para permitir a utilização de plataformas digitais como uma solução temporária para o atual momento.
Toda esta situação pode levar a que, no futuro, as entidades públicas e privadas aproveitem as várias medidas que já tomaram, para criar e fortalecer parcerias e dar-lhes importância.
De facto, o Covid-19 está a forçar educadores, pais e alunos a pensar criticamente, a comunicar, a colaborar, a resolver problemas, a serem criativos e serem ágeis. Mas toda esta situação está, igualmente, a estimular muitas mentes do mundo (entidades públicas e privadas) a encontrar novas formas de agir, o que será uma mais-valia para o futuro.
- 3. A exclusão digital pode aumentar
As escolas estão a procurar soluções para o ensino possa continuar, mas a qualidade da aprendizagem dependerá fortemente do nível e da qualidade do acesso digital.
Nem todos os alunos têm um computador ou um tablet em casa. Nem todos os alunos têm internet no seu domicílio. Quando as aulas transitam para online verifica-se uma desigualdade, na medida em que haverá crianças que não conseguirão ter as ferramentas necessárias para manter a aprendizagem. As famílias mais vulneráveis do ponto de vista económico serão aquelas que irão ficar de fora do ensino online e as crianças ficarão, ainda, mais para trás.
Na verdade, esta diferença entre os alunos não se limita apenas com o acesso a um computador e internet, mas também se relaciona com o próprio contexto familiar. Nem todos os pais têm o nível de alfabetização digital necessário para ajudar os seus filhos a mudarem para a aprendizagem online e os recursos que tinham como objetivo a inclusão de todos, resultará em desigualdade.
Com o Covid-19, a Educação está obrigada a reinventar-se e isso pode trazer transformações positivas no futuro, em que a tecnologia passará a ser utilizada como um complemento em sala de aula. Contudo, as atuais possibilidades de ensino à distância acarretam inúmeras desigualdades no acesso à aprendizagem. As escolas irão ter de reformular todas as planificações e descobrir estratégias que minimizem as diferenças. Será, com certeza, um desafio.
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